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Unicórnio preto


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 Quem eu sou? Nem lembro mais, agora vago pelas sombras das árvores com receio de um dia revê-la...

 Era um final de tarde quando a conheci, seus olhos eram vermelhos como o pôr do sol, e parecia cansada da sua longa jornada:

-Com licença bela criatura, poderia me dar o que comer e beber? –Disse ela esperançosa, não consegui ignorá-la.

-Pegue menina, sacie sua fome. –Dei alguns cogumelos, raízes e meu próprio sangue a ela que tomou sem questionar, logo desfrutei de um gracioso sorriso.

-Qual seu nome garota? 

-Me chamo Sophia, e você nobre criatura?

-Não tenho nome, sou somente um Unicórnio solitário. –Ela sorriu mais uma vez.

-Certo Senhor Unicórnio.

 Apreciamos o crepúsculo no horizonte, quase tão belo quanto ela, dando lugar a dama cinza da noite, era verão e logo estávamos rodeados de vagalumes, um ao lado do outro no chão relvado da floresta:

-Senhor Unicórnio, que tamanho tem o universo? –Perguntou ela com um olhar de mistério, não cansava de observá-la. 

-Tem o tamanho dos seus sonhos, quanto maiores eles forem, maior vai ser sua visão —Respondi.

-Meu sonho é viajar por todos os reinos, explorar cada canto desse vasto mundo. –Ela tinha o espírito de uma aventureira.

-Não chame de sonho, chame de plano. –Me pergunto se ela conseguiu.

 Se debruçou sobre meu pelo branco e dormiu. 

“Como ela pode ficar tão calma perante a me? Se passou por tantos lugares deve ter visto várias criaturas assim como eu, que garota curiosa”, pensei antes de também adormecer...

 Acordei com os vivos raios do sol, tão vivos quanto os cachos daquela menina, mas onde ela está? Uma magia sinistra pairava no ar.

-Criança onde você está?

 Minha raça é sensível a mana, segui os rastros de magia negra. “Tem muitos elfos patrulhando, devem ter percebido os rastros também, tenho que ser mais rápido”. –Meus extintos apitavam.

 A encontrei às margens do lago próximo a ravina dos ursos, no em tanto não havia nenhum deles lá, estava com os olhos lagrimejando e uma aura negra ao redor.

 “Ela deportou seus poderes mágicos? Como é possível? Não senti nada do tipo quando a conheci, meu sangue foi o gatilho? É minha culpa não vou deixar que a peguem” –Pensei.

-Senhor Unicórnio me desculpe. –Disse ela.

-Não chore garota, não é sua culpa, suba, você tem que sair daqui. –Os elfos não aceitam magia herege nas terras deles, vou levá-la para o porto ao norte.

 -Estamos sendo seguidos, vou segurá-los, fuja. —Ela correu em direção ao navio que estava a levantar as velas, enquanto isso o grupo de elfos aproximavam-se:

-Alcancem ela, não podemos deixar que fuja, deve ser uma espiã das terras da legião –Disse o comandante dos elfos, fiquei entre eles e a garota.

-Por que broqueia nossa passagem grande Unicórnio? Pretende ajudar uma herege?

-Não é problema seu, recue com seu grupo se não quiser problemas. –Fazia tempo que não tinha um olhar tão destemido.

-Tenho ordens para prende-la, saia da frente se não quiser se machucar, não vou ter piedade mesmo sabendo quem eis. –Esses orelha pontudas estavam me subestimando por estarem em maior número.

-Não me faça ri, se quiserem pegá-la vai ter que passar por me primeiro. –Tenho que ganhar tempo a qualquer custo.

-Você não nos deixa escolha, ataquem. – Ele deu o comando para o grupo e logo uma chuva de flechas caia do céu:

“instinto evasivo” –Isso é brincadeira de criança para mim, desviei facilmente.

“Ô regente das florestas empreste a mim sua...” –Eles estavam me distraindo para o druida preparar um ataque.

“Flash de luz” –Um ataque em cheio no conjurador, esse não se levanta mais.

-Como pode fazer algo assim, se esqueceu de quem é? O que fez não terá perdão. –O líder deles estava certo, mas já era tarde para arrependimentos, sei as consequências de uma batalha de vida ou morte.

-Sei bem o que estou fazendo, se não quiser o mesmo destino que ele recue agora. –O olhar sereno do comandante mudou para um de ódio.

-Arqueiros ataquem juntos comigo. –Gritou.

Dois arqueiros, um na esquerda ou na direita, e ele vindo na minha direção sem temer:

“Corte duplo” 

“Tiro rápido”

-Sua raiva está te deixando cego. –Só preciso segurá-los mais um pouco.

“Aura de luz” –Uma explosão de poder mágico que levantou uma nuvem de poeira no campo de batalha, no fundo um apito forte, era o navio partindo.

 Ao longe ela olhando na minha direção com uma face triste e pronunciando algo que não dava para entender, queria poder ouvir um adeus dela.

 Já era suficiente, aproveitei a poeira e fugir para o mais fundo possível da floresta.

 Agora não sou mais o mesmo de anos atrás, minha magia assim como a dela escureceu, meu chifre antes ofuscante, pelo qual era conhecido, agora é negro como o breu da noite e meu pelo branco se tornou escuro como piche, sou só uma besta perdida na grande floresta de Melvendil.

 Queria poder vê-la novamente, será que ela dormiria mais uma vez tranquila sobre me se visse quem sou agora?

 

     Memórias de um Unicórnio caído_

 

Nick: Hiimuru 

BR-Tourmaline

 

Edited by Erielson Silva
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