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Mensageiro dos Mundos


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Mensageiro dos mundos

 

Dia 22, de julho de...

 

     Sim, todas as vezes que vou ao porto de Iselnort seja para fazer alguma compra ou venda, seja para fazer algum trabalho, vejo alguém lá parado, sempre esperando algo, sempre esperando alguém, uma figura distinta eu diria. Nunca ouvi ele dizer uma palavra, não parece ser velho, tem por volta da minha idade, 17 anos, veste preto. Faz tempo que já não sou criança, penso comigo mesmo, talvez seja hora de ir falar com ele, talvez seja a hora de fazer a passagem.
     Me aproximo do homem de preto ali parado, nada ele diz. Somente estende sua mão esperando sua recompensa, entrego-lhe a quantia, ele só aponta para o deque, e diz - Entre, já vamos partir.
     A vigem foi rápida, como se tivesse piscado os olhos, e ao abrir  tivesse chegando ao meu destino. Pouca coisa vejo ao redor, não é uma grande cidade á beira do mar, é somente um ponto de comercio simples, a vegetação do lugar é diferente, o lugar é húmido e ao mesmo tempo quente, sinto uma sensação desconfortável, por viver quase toda vida em planícies gélidas, não pretendo ficar aqui por muito tempo, penso comigo mesmo. Receoso com meu paradeiro me volto em direção ao barco que me parece estar voltando para Irselnort, não vejo o homem de preto, mas sim um senhor de barba branca, parece ser um velho marujo, talvez seja conhecedor daquelas terras. Certamente vendo em minha face a inexperiência de um novato, ele se aproxima.

    - Sinceramente não me sinto contente em relatar assuntos pessoas a viajantes de terras distantes como você, habitante das montanhas, mas como marujo que sou não posso lhe negar uma breve história e também um alerta. - diz o velho marujo, com uma voz rouca de alguém que fala pouco.
     Aceno a cabeça positivamente, fico surpreso com sua atitude. Ele inicia sua história.
   - Quando jovem, viajei bastante com meu pai e tio, para terras que você jamais sonharia. Nelas, afirmo, vi de tudo, usuários de magia antiga que conseguem fazer você chorar de raiva por estar na planície que eles habitam, já conheci a morte de perto amigo, a vi inúmeras vezes. Haviam também seres oriundos do mar que há eras habitam à terra seca, são criaturas grotescas com rosto de peixe e calda de sereia, mas que andam sobre duas pernas, portam consigo lanças envenenadas por uma substância mortal, alguns até portam cajados são verdadeiras abominações dos pântanos, equiparam-se aos seres horrendos, do circo dos horrores de Sam Hain, pesadelos, só que bem mais reais.

   - Também há cidades destruídas por monstros, que delas se apoderou, nunca as vi, mas dizem alguns que por lá passaram, que os monstros são atraídos pelas especiarias dos comerciantes que ali viviam, oque antes pertenceu aos homens e elfos, hoje somente pertencem aos monstros. Atravessar seus domínios é com certeza uma prova contra vida, em favor da morte. Ainda há, sim, muitos que buscam por riquezas naquele pântano maldito, mas eu, eu já não sou mais tão jovem. Meu papel é fazer a passagem, a travessia, sou apenas um mensageiro, o mensageiro dos homens. Vi muitos como você ficarem presos para sempre naquele lugar, bem, alguns as vezes até por escolha própria.

   - Como assim por escolha própria? - Pergunto atônito.

   - Na planície que lhe falei tem um lugar, um lugar diferenciado dos demais. Um lugar que fui poucas vezes, até dúvido se cheguei lá mesmo, pois a bruma que esconde o pântano é o guia, e o guia lhe permite poucas vezes adentrar em tal lugar. É sim bem parecido com outros lugares que você verá pelo caminho, mas você certamente saberá quando chegar. Aventureiros as vezes ficam lá por dias, até meses, pois a recompensa que à terra dá transforma rapidamente, o pobre em rico. 
   - Caso você chegue lá, os seres lhe faram uma proposta: "Ofereço-lhe um pouco de meus tesouros aqueles que por ventura conseguirem me dar meu merecido descanso.", é oque me falaram, acredito que lá seja uma espécie de cemitério antigo, que as almas dos mortos se reúnem para tentar fazer a passagem para as terras imortais, mas essa é só a opinião de um velho, nada mais.
   - Levo as vezes dezenas de viajantes, "...Vá jovem lá, e não se esqueça, pois quando velho ficar nem apareça...", sempre ouço dos reincidentes que acabam voltando, acredito que tenham entrado em desgraça, perdido todo seu tesouro, e que novamente tem a esperança que mais uma vez a bruma se dissipe e o vale dos fogo-fátuo reapareça para eles.
   - Há sim outras coisas que deixei de fora, pois cabe a você descobrir por si só. - Então já se decidiu? - Pergunta o velho. - Caso não, adentre o barco, já está zarpando, alias meu nome é Rahmat.  - diz o homem virando as costas, indo em direção ao barco. Parado em meu lugar vendo a última corda se desvencilhar do cais, o barco lentamente tem suas velas preenchidas pelo vento. 
     Eu grito enquanto o barco aos poucos se afasta da costa: - Já me decidi. Eu gostaria de ir a tal lugar, onde fica? - Pergunto gritando, na esperança que ele me ouça.
   - Leia a placa. - é tudo que ouço do velho Rahmat, antes do barco não ser mais visto no horizonte azul do céu e do mar.

     Não havia percebido tal construção quando cheguei, ao meu lado há uma estaca de madeira, pregada em sua extremidade superior vi a placa, talhada nela haviam os dizeres, “Norlant Swamps: Vale dos fogo-fátuo...”.
 

Escrito por:

Eofortun - 2020

Server: BR-Tourmaline

Edited by Eofortun
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