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Noites Frias


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Para mim, era uma noite normal, fria como as outras. Eu observava as estrelas debaixo de um grande salgueiro vermelho como o sangue que se erguia sobre o cume voltado para as nuvens, fixava minha visão nas estrelas majestosas e brilhantes que nem sabem que estou aqui. Eu invejo as estrelas, elas não precisam se preoculpar com guerras, invasões ou mortes. Talves eu seja insignificante perante sua soberania nos céus negros da noite.

 

O tempo mudou. A brisa que ia de norte ao sul era gelada, fazia meu corpo tremer e meus dedos ficarem roxos isso sem contar da neve que do nada voltou a cair sobre o cume. Eu estava em pânico, não conseguia respirar e minhas mãos e pés estavam dormentes, eu queria correr dali e me aquecer mas não tinha mas tempo, meu corpo estava em estado de hipotermia e choque. Em meu leito de morte eu reuni todas as minhas forças e gritei "Socorro, alguém... por favor.. me salve... estou morrendo", mas tudo que disse foi convertido em grunhidos.

 

Esperando pela morte, eu a vi. Seus cabelos brancos e sua pele azul como o gelo, usava uma túnica com luas bordadas nela e uma tiara com uma safira azul celeste, sua face emitia uma aura de divindade talvez ela seja uma. Ela vinha descendo do céu como se estivesse descendo uma escada com seus pés descalçados, ela chega perto de mim e pergunta "você quer viver? Então adore o frio, sucumba aos ventos gelados e me obedeça até o dia da minha morte, você aceita os termos e concorda em se tornar minha cria?", então mais uma vez eu busco forças e digo "sim, eu aceito os termos", dessa vez não foi em vão pois ela ouviu minhas palavras, deu um sorriso e me beijou a testa. "você acaba de renascer, meu amado morto vivo". 

 

Seu nome era Anaak, senhora do frio. Seu único objetivo era trazer o frio para a Arinar, conjelar tudo e todos e assim acabar com as guerras e todos os outros problemas. Era uma utopia que ela alimentava, pois não existe mundo sem Guerra, então pra acabar com as guerras ela decidiu colocar todos os seres sobre o seu reinado de frio e terror, e congelar a oposição. Em uma noite eu a segui nas sombras até o cume onde ela me reviveu, ela pegou um pouco de neve e disse "com a minha autoridade sobre os céus e hoje sobre o solo de Arinar eu ordeno que a fortaleza gélida se levante para que me sirva de abrigo contra as frentes inimigas". Assim que ela terminou, pilares de gelo se ergueram e formaram paredes na base do cume, tão alto quanto o salgueiro, parecia imdestrutível. 

 

Ela continuou, criou bestas que se multipicam como ratos para atacarem tanto a legião quanto os sentinelas. Ela podia ver tudo o que acontecia do seu trono de gelo fino que ficava no pátio central de seu castelo, óbviamente ela que escolhia quais cidades as bestas iriam atacar e quais bestas iriam defender o castelo. Em volta do castelo só existia frio, neve e muito gelo, não crescia mais nada naquela área, seja plantas ou animais. 

 

Alguns meses depois a legião e os sentinelas aprenderam a lidar com as bestas, mas o frio era inevitável. Nesse período começaram a nascer vários cultos que adoravam a Deusa do Frio Eterno, eles eram chamados de sacerdotes do frio. Eles foram brutalmente caçados por conspiração e traição tanto pela legião e pelos sentinelas. Sabendo dessa informação, Anaak decidiu criar novas bestas para proteger o castelo, essas novas bestas foram chamadas de Hectuns, são parecidos com gigantes de gelo, no total eram quatro: Um usava um arco, outro uma maça de duas mãos, o outro uma lança e o último usava uma espada e um escudo. Esses guardas eram os mais fortes que ela já tinha criado, ela se orgulhava de sua recente criação e dizia que ninguém poderia derrotar eles.

 

Tantas mortes e perdas, era pra ser difícil de assistir isso, mas eu não sentia nada nenhum remorso, medo, tristeza ou qualquer outro sentimento, talvez eu tenha perdido algo mais do que a minha vida quando renasci, ou talvez eu tenha me tornado insensível por estar sob a presença dela todos os dias. 

 

Um dia ela me chamou para ir até a sala onde ficava o trono. "O que eu fiz de errado? Por que eles não desistem e param de lutar? Eles continuam vindo e indo, como a neve que o vento carrega. Meu plano era tirar o mínimo de vidas possíveis, mas o necessário para eles se renderem, mesmo depois de tantas baixas eles não desistem!". Ela estava enfurecida, gritando e cuspindo cada palavra enquanto fazia os ventos ficarem mais fortes e a neve cair mais pesada do que nunca. "Amanhã a legião e os sentinelas unirão forças para se voltar contra mim, um inimigo em comum, as melhores guildas e os guerreiros mais valentes planejam um ataque em larga escala ao meu castelo." Eu permaneci em silêncio, aquele silêncio mórbido e contagioso que durou pouco mais de um minuto. "Você vai conseguir repelir o ataque? Suas tropas conseguem defender o castelo não é?", perguntei com minha mente inquieta e relutante, criando várias teorias que poderiam acontecer. "É muito provável que eu perca e acabe morrendo, mas eu tenho um presente pra você." Então ela estendeu a mão para mim e materializou uma garrafa com liquído rosa e disse: "é um elixir da vida eterna, como o nome diz, se você beber poderá viver nesse mundo pra sempre. Agora olhe nos meus olhos e prometa que vai beber isso assim que estiver bem longe daqui. Prometa!". Eu peguei o elixir e o guardei em minha bolsa itens e me preparei para partir. Assim que o sol caiu eu montei em uma das bestas quadrúpedes e parti em viagem.

 

Quando eu estava a alguns quilômetros eu ouvi gritos de guerra e bastante iluminação vido da direção da qual eu vinha, apenas uma hipótese pode ter acontecido: O ataque começou mais cedo. Rapidamente eu conduzi a besta a dar meia volra e fui em toda velocidade em direção ao castelo, chegando lá os gritos ficaram mais fortes mas não eram gritos de guerra, e sim gritos de vitória pois minha deusa estava caida no chão ensanguentada enquanto um cavaleiro balançava sua espada com o coração fincado nela. Eu fugi, fiquei com medo que me vissem perambulando nas sombras e me atacassem.

 

Eu fugi em tamanha velocidade que a besta ficou cansada e com sede, eram por vota das três da manhã. Eu parei perto de um lago que provia água doce e ascendi uma fogueira para me aquecer do frio. E sem perceber eu estou novamente sentindo minhas emoções fluirem pelos meus olhos em forma de lágrimas, eu estou triste ecom frio. Então eu chego a seguinte conclusão: Não vale a pena viver em um mundo onde minha deusa não está. Eu pego o elixir e o queimo na fogueira, e esse é o fim da minha história. Um fim digno como o servo mais fiel da senhora do frio eterno. Espero encontrar ela de novo em algum dia do inverno.

 

NOME: Ssmaster

SERVIDOR: BR-Tourmaline

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