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Tavanelimu

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  1. Era um dia glorioso de verão. A brisa mágica de Ayvondil renovava o continente, como se todos os seres vivos fossem gratos por sua benção. Olhando de fora, qualquer expectador não conseguiria nem imaginar o passado sombrio que assombrava aquelas terras. Meu nome é Juan. Sou um elfo negro contratado pelos proscritos para investigar as ruínas de um dos vinte antigos templos. Devia haver algo extremamente valioso naquele lugar, visto que tanto legionários quanto primogênitos estavam investindo pesadamente em expedições nesses lugares. As sacerdotisas da Lua nos pediram cautela, pois uma magia sinistra era sentida por todos nesses lugares. Nossa equipe chegou antes no templo. Plantamos alguns artefatos pela região, para confundir os sentidos das outras expedições. Isso nos garantiria algumas horas de vantagem e permitiu montarmos acampamento. Um estudioso proscrito, Renan, estava nos acompanhando e nos alertou sobre uma lenda de Ayvondil. -Há muito tempo- dizia ele- um clã de necromantes se estabeleceu neste lugar. Dizem que eles obtiveram poderes extraordinários que mudaram o rumo da primeira guerra da lança- terminou. A primeira guerra da lança. A guerra que destruiu Ayvondil e expulsou grande parte dos primogênitos ainda assombrava este lugar. Adentramos no templo finalmente. O lugar era cheio de runas e desenhos de aranhas no teto. As colunas davam calafrios de uma magia sinistra e o barulho de criaturas se rastejando permeia meus ouvidos. Todos meus instintos gritavam para fugir daquele lugar e meus colegas não estavam melhores também. Respirei fundo e gritei para eles “Temos uma tarefa a cumprir”. Todos retomaram a consciência e seguimos para a escuridão Depois de muito tempo, conseguimos chegar em uma porta. Uma escritura a circulava, dizendo “Entregue seu destino ao campeão das Moiras”. Renan pegou um novelo de linha e o conectou a uma abertura na porta. A linha começou a brilhar em vermelho e a percorrer o corpo dele. Uma projeção espectral apareceu, mostrando a linha se amarrando ao seu coração. Com isso a porta se abriu. Era uma biblioteca imensa, com uma linguagem élfica antiga. Imediatamente começamos a ler os livros. Um deles estava num altar. Sua capa era de couro e o título era: O texto sagrado do clã Arahnoton. Ao tocá-lo, porém, minha visão começou a se turvar e me lembro de cair. Quando acordei, estava no templo, mas era muito melhor conservado. Necromantes circulavam por todo lugar, se reunindo ao redor do que parecia ser o líder. Era um proscrito de dois metros de altura, robusto e vestia um robe negro com uma aranha vermelha nas costas. Quando todos se reuniram, ele iniciou uma pregação: “Gloriosa Irmã Aranha Aniquiladora de Impérios Matriarca da Casta Arahnoton Campeã da Moiras Abençoe o exército Proscrito com sua teia de destinos Nos ajude a destruir o deus Nuadu E tecer sua influência sobre o mundo. Deusa das aranhas, Conceda-nos a honra de ter seus filhos junto à guerra da lança Toda a glória será sua” Assim que terminou, várias linhas surgiram em todos os necromantes a sua volta. As mesmas linhas que Renan adquiriu. O Necromante Central as puxou com toda força e o Coração de todos explodiu, fazendo com que o sangue formasse uma runa de aranha. Dela, uma aranha pequena surgiu no meio. O Necromante então a colocou na mão e ela se fundiu, formando uma tatuagem. “Obrigado por essa benção” disse o necromante. Minha mente só teve tempo de fazer uma pergunta: Arahnoton? O que aquela monstruosidade de metal tinha a ver com esse templo? Em seguida minha visão mudou e agora eu estava no meio da principal batalha da primeira guerra da lança. Paladinos queimavam mortos-vivos com sua luz divina e bruxos lançavam suas maldições, despedaçando vários elfos por todo campo de batalha e causando uma pilha de cadáveres dos dois lados. Somente a morte emanava daquele lugar. E morte era exatamente o que o necromante queria. Ele surgiu ao meu lado, no topo da pirâmide e proclamou: “Matriarca Arahnoton, aceite minha carne e a de todos que se opõem a você como sacrifício.” Sua voz ecoou como um trovão e imediatamente aranhas começaram a surgir de dentro do necromante, devorando-o. A aranha vermelha revelou ser a monarca aranha. Então começou a crescer imensamente e desceu na batalha, junto aos seus filhos. Isso mudou a balança de poder na batalha e causou a queda das cidades de Ayvondil, devorando os primogênitos e os expulsando do continente. Os proscritos já estavam comemorando a vitória. Porém, assim que a maioria dos elfos se foi, a matriarca falou que já havia feito sua parte e agora, como uma boa mãe que era, deixaria seus filhos escolherem a sobremesa. Em seguida, as aranhas atacaram os antigos aliados, destruindo alguns batalhões proscritos. Mesmo conquistando a vitória, o continente estava devastado e seu exército em pedaços. Com isso os líderes da legião decidiram recuar e a matriarca começou a construir seu ninho no jardim corrompido. Logo após isso, tudo escureceu e eu acordei com minha equipe preocupada comigo. Afirmei que estava tudo bem e que eles não precisavam se preocupar. Renan não se convenceu muito fácil, mas concluiu que não era o momento para isso. Um frio percorreu minha espinha. Desde que comecei a investigar os Arahnoton, uma inquietação começou a surgir, como se as aranhas rastejassem por minhas costas. Não havia dúvidas: Durante a Guerra da Lança, o Clã Arahnoton era governado por um dos Arahnoton. A questão agora é: O que aconteceu? Vendo aquela monstruosidade de metal, não consigo imaginar ter tido vida em algum momento. Terá o deus dos primogênitos destruído o legado das moiras? Muitos pensamentos estavam circulando em minha cabeça. Enquanto isso, a equipe de escavação havia encontrado um cajado com uma aranha em cima. Imediatamente peguei o cajado e falei para eles se afastarem. Havia uma magia sombria vindo dele e eu não queria que ninguém se ferisse por isso. Concluímos a expedição e, depois de lhes contar sobre tudo que me ocorreu, saímos com mais perguntas do que respostas daquele lugar. Uma informação que conseguimos foi de que havia um santuário no jardim corrompido dedicado a essa matriarca aranha. Reportei isso para a grande sacerdotisa da Lua e recebi permissão, além do comando de soldados Malíatos, para explorar o jardim corrompido. Ela também me deu um orbe feito com material lunar. Com isso seríamos capazes de criar uma zona segura no jardim Corrompido. Por último reunimos algumas provisões e partimos para lá. A vegetação desse lugar é densa demais, causando uma noite perpétua no lugar. Os monstros que vagam são igualmente sombrios. Perdemos quatro soldados antes de sequer chegar perto do santuário. Houve momentos em que pareciam haver sussurros na escuridão, mas com uma língua totalmente estranha para mim. Chegando cada vez mais próximo da localização, o ar começou a arder nos pulmões, reduzindo nosso ritmo. Estávamos ficando sem tempo. Renan, por ser um morto-vivo, não parecia sentir os efeitos daquele lugar e estava pensando com mais clareza. Ele conjurou Familiares para nos carregar no resto do caminho, recuperando o tempo perdido. Finalmente, ao chegar no santuário, estabelecemos um perímetro usando o orbe da Lua. O ar foi renovado e não sofríamos mais o atrito daquela terra amaldiçoada. Estabelecemos acampamento e partimos para dentro do lugar. Encontramos uma passagem que levava ao subterrâneo e todos sentiram que alguns não iriam retornar. Dessa vez aranhas defendiam as catacumbas. Tivemos que lutar por nossas vidas durante muito tempo e perdemos quase toda a tropa Malíata. No meio do caminho comecei a ter visões da Matriarca Arahnoton. Seu corpo sendo substituído aos poucos por partes metálicas e uma risada insana ecoando no lugar. Chegamos em um pequeno escritório nas catacumbas. Lá, parte dos registros haviam sido destruídos e projetos insanos circulavam pelo lugar. As peças começaram a se encaixar: O engenheiro estava por trás disso. Um dos livros da mesa de projetos dizia: “O reinado da Matriarca está para acabar. Essas terras são minhas e somente minhas e não deixarei que alguns aracnídeos dominem este lugar. A MECANIZAÇÃO HÁ DE REINAR” Isso confirmava minhas suspeitas, mas como o engenheiro conseguiu derrotar a Matriarca e suas irmãs? Lendo mais um pouco, notei que uma pequena luz saía do meio do livro. Era uma runa de memória. “Provavelmente para marcar uma das loucuras do engenheiro” pensei. Realizei o encantamento e comecei a navegar pelas memórias. Era uma noite estrelada. O próprio cosmos liberava sua magia sobre o continente. Eu conseguia ver meu corpo: Era grande, com várias pernas e com mãos humanoides. Eu estava vendo a Matriarca. -Quanto tempo acha que temos, irmã? -Perguntou uma das aranhas. -Pouco-Disse - O engenheiro não irá descansar enquanto não conquistar Ayvondil. Esse continente é nosso desde a primeira guerra da lança. Um lunático como ele nunca o terá. Seus braços começaram a se mover e incontáveis linhas surgiram por todo lugar. Cada uma se ligava a um indivíduo. Com as memórias da Matriarca, compreendi como eles funcionavam: Os fios vermelhos eram dos seres vivos. Os azuis eram dos mortos-vivos e os dourados eram de deuses e seus descendentes. Ela pegou um fio dourado, sua linha. Comecei a sentir seu orgulho e confiança se tornando um medo mortal: Sua linha estava mais curta que a dos outros fios divinos. Pior que isso. Um estrondo surgiu na floresta eterna e a fumaça subia por todo continente. O engenheiro havia chegado no covil do clã Arahnoton. -Preparem todas as tropas- Disse a matriarca- Esse engenheiro terá um gosto da fúria das aranhas- E com isso todos seguiram para a batalha. A respiração era pesada e eu a sentia se esforçando para se manter confiante. “Por meus filhos” Repetia esse pensamento constantemente. Um clarão surgiu em nossa frente. Ao recobrar os sentidos, muitas das aranhas estavam no chão e três robôs se aproximavam de nós. A matriarca começou a conjurar uma magia e um arco arcano apareceu em suas mãos. Em seguida se moveu a uma velocidade incrível, atirando flechas nas juntas dos robôs no processo. Assim que eles caíram, ela começou a falar telepaticamente com suas irmãs: “Irmãs, se dirijam para o Grande Ninho o mais rápido possível. Ele já está aqui.” Em seguida conjurou duas espadas e partiu para o combate com seu exército. Enquanto batalhões de robôs eram destruídos, era possível ouvir as risadas do Engenheiro pela floresta inteira, como se sua malícia tivesse corrompido toda a Floresta Eterna. Logo depois disso o fogo se espalhou mais forte pelo lugar, ficando cada vez mais difícil de respirar. A Matriarca ordenou que todos voltassem ao Grande Ninho. Aquele lugar já estava perdido e eles precisavam de alguma vantagem. Haviam túneis pela floresta, então todos se dirigiram em encontro a sua última linha de defesa. O desespero começou a crescer na Matriarca. Acordei rapidamente. Minha mente aos poucos voltava a se recompor. “Viver sob os olhos de outra vida é aterrorizante”. Mas isso ainda não respondia todas as perguntas. Certo que houve uma guerra entre as aranhas e o Engenheiro. Porém, o que houve com esse tal clã Aracne? Comecei a procurar por todo lugar, revirando estantes. Até que uma pequena luz surgiu de um dos livros: outra runa de memória. Mas assim que a tirei do seu livro, me arrependi. Tínhamos descoberto algo que não deveríamos saber. A estrutura começou a tremer. Luzes vermelhas surgiram pelo lugar e gargalhadas do engenheiro surgiram pelo lugar. “INVASORES. MATEM TODOS” gritava o lunático. Microbots aranhas nos atacaram por todos os lados, bloqueando o caminho de volta. Tivemos que abrir caminho à força com os familiares de Renan. Membros do grupo foram queimados pelos Microbots Aranha e alguns envenenados. Um microbot aranha conseguiu desferir um golpe na minha barriga e eu senti minhas entranhas queimarem. O proscrito a matou e me carregou para fora. Ele invocou dois felinos, que nos levaram a toda velocidade para Malíata. Minha visão começou a escurecer até eu perder totalmente a consciência. Acordei três dias depois. A própria grande sacerdotisa estava lá. -Você deve ficar melhor em pouco tempo- disse ela- Renan me contou o que houve e que você usou uma runa de memória. O que você viu? Contei para ela com todos os detalhes possíveis sobre as visões da Matriarca. Francamente eu estava começando a me admirar frente a um ser tão impiedoso e a valorizar sua postura protetora com o clã. “Até monstros podem ter alma, eu acho” pensei, mas não falei para a sacerdotisa. Uma última peça desse mistério faltava, no entanto. Ela me entregou a segunda runa e disse que meu corpo aceitaria melhor a magia agora que estava enfraquecido. Com hesitação, peguei a segunda runa e desmaiei novamente. Me vi em uma salinha de controle. Havia uma imensa janela na minha frente. Não demorei para notar que se tratava da visão do Engenheiro. Estávamos cercados de paredes de teias imensas. Era o ninho da Matriarca. Ao redor de mim estavam portais, de onde saíam legiões e legiões de soldados mecanoides. Aranhas estavam por todas as paredes e uma batalha se iniciou. O lugar estava coberto por teias, prendendo diversos robôs por todo lugar. Em seguida, esquadrões de aranhas separavam todos os pedaços das máquinas, impedindo que se reconstruíssem. Seus números diminuíram rapidamente. Mesmo parecendo ser o fim, o Engenheiro apenas soltou uma risada que ecoou por todo local. Em seguida, pressionou uma sequência de botões com símbolos de runas. Isso fez com que um grande portal se abrisse ao seu lado e dele veio o que ele chamou de “Controle de Pragas”. Uma máquina do tamanho de ogros, equipada com lança-chamas em cada braço. O Engenheiro, rindo maliciosamente, gritou: -Iniciar Protocolo Inferno. O “Controle de Pragas” começou a se repartir em pedaços. Seus braços se tornaram serpentes que espalharam fogo pelas paredes, queimando qualquer ser vivo à sua frente, enquanto o resto se tornou pequenos robôs. Eles correram em direção às aranhas e começaram a explodir, matando várias delas. Mas elas não se renderiam tão fácil. O chão começou a tremer em volta dos robôs e se abriu. Várias aranhas começaram a surgir do chão, derrubando as legiões mecânicas. A Matriarca correu em direção às serpentes e as jogou em direção ao Engenheiro, o jogando para o buraco. Muitos mecanoides também despencaram para o esquecimento. O engenheiro utilizou suas mãos metálicas para se pendurar na parede. Parte dos robôs estava despedaçada e elas começaram a se aproximar do engenheiro. Mas isso era exatamente o que o engenheiro queria. Ele então ativou a fundição. Isto é, um protocolo que permitia que os robôs estourassem em pequenos microbots, entrando nas aranhas. Em seguida eles tomaram controle do corpo das criaturas vivas. Com isso, a chance de vitória pendeu novamente para o engenheiro. Em uma última investida desesperada, a Matriarca invocou os ninhos de suas irmãs para se juntarem na batalha. Mas o engenheiro foi mais astuto. As aranhas com microbots já estavam se tornando mecanoides e começaram a utilizar as torrentes de fogo também. O Engenheiro utilizou parte delas para criar uma plataforma onde ele pudesse ficar. Em seguida seus portais foram abertos novamente e reforços já estavam chegando. Com seu ninho destruído e seus filhos dizimados, a matriarca foi presa, junto de suas irmãs. Os robôs as levaram para uma prisão em Tecnópolis. De lá, ele iniciou o projeto “Arahnoton” com as Aranhas gigantes. O engenheiro ria, enquanto derretia metal no corpo da Matriarca e suas irmãs. A parte de cima, humanoide, foi coberta com magia líquida azul, cristalizando na pele da antiga aranha. Assim que todos os Arahnoton foram criados, o Engenheiro os enviou para as ilhas flutuantes para estabelecer domínio sobre elas. O reinado das aranhas chegou ao fim, mas o terror de Arahnoton estava apenas começando. Acordei finalmente desse pesadelo. Comecei a recobrar a consciência e as peças começaram a se encaixar. O horror conhecido como Arahnoton já foi considerado divino. Agora seu império caiu sob a mecanização do Engenheiro. Não pude deixar de me sentir frustrado com esse desfecho. Uma espécie jogada como trunfo de uma guerra sendo aniquilada por um insano desse jeito? Não era justo. -Não é mesmo? - uma voz feminina ecoou pelo quarto. Olhei para todas as direções, sem sorte de encontrar a origem- Mas era uma guerra e nós perdemos. -Guerra? Você é um Arahnoton? - perguntei. Uma risada estridente começou a ecoar. -Pode-se dizer que sim, pequeno elfo. E você descobriu coisas que não deveria. O engenheiro está bem irritado-Não tive tempo de reagir e uma aranha mecânica pulou no meu rosto. Comecei a sentir partes do meu corpo sendo arrancadas e meu corpo queimando. Com isso tudo escureceu. A runa da memória começou a brilhar. Finalmente a magia se concluiu. “Honestamente, eu estava começando a gostar de você, pequeno elfo” pensou Renan olhando para o cadáver. Sua forma começou a mudar, assumindo uma aparência mecânica. -Mas um trabalho é um trabalho-Falou-você quase nos gerou um grande problema. Fazia tempo que não via o Engenheiro tão irritado. E com isso Renan pulou a janela do palácio e desapareceu na escuridão. -Tavanelimu Servidor: Br Tourmaline
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