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Papacito

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  1. 100 anos antes da Guerra da Lança, Arinar ainda era um único continente. Todas as tribos e deuses viviam no mesmo local, mas nem por isso a paz estava selada. Muitas guerras eram travadas entre Humanos, Elfos, Montanheses e Deuses que, por sua vez, apenas olhavam para os seus próprios interesses. No meio disso tudo, a população camponesa era a que mais sofria, vendo seus familiares e conhecidos serem aniquilados pela guerra.

     

    Yan-Tul, um humilde ferreiro, aterrorizado pela guerra, resolveu junto a sua mulher ir ao nordeste da grande terra de Arinar em busca de tranquilidade para ter o seu primeiro filho. Poucos meses se passaram e a mulher dera à luz a uma linda menina. Yan jamais acreditara que tamanha felicidade pudesse acontecer em meio a tanta tragédia. Sua família crescendo, um novo lar e muita paz.

     

    Porém, esse misto de sensações foi rapidamente esgotado ao ouvirem a guerra se aproximando do seu lar. O ferreiro não tinha forma alguma de defender sua família, ele não conseguia proferir magias e, nem mesmo, sua casa tinha muralha. Mediante ao estado de impotência que ele se encontrava, Yan decidiu utilizar o seu melhor conhecimento, a fabricação de armas e armaduras. Ele achou que se trabalhasse disfarçadamente para todas as tribos, conseguiria adquirir respeito e peças de aço para construir uma pequena fortaleza, uma espécie de abrigo impenetrável por magia ou armas.

     

    E assim sendo, Yan começou a prestar serviços para os Humanos, Elfos e Montanheses. Em pouco tempo, o ferreiro já havia adquirido notoriedade em todas as tribos, começara a participar de rodas de histórias e feitos de guerra. Muitos conhecimentos foram passados ao ferreiro, dos Druidas, Yan aprendeu sobre a manipulação de elementos da natureza, dos Xamãs, ele aprendeu os segredos espirituais da mãe terra. O ferreiro obteve um pouco de conhecimento de cada classe, porém esse conhecimento não era capaz de fazer Yan produzir magia.

     

    Em um dia, o ferreiro retornando para sua casa após realizar uma entrega de armas, ouviu uma canção melódica e muito atrativa. Ele perseguiu essa canção pela mata adentro, encontrando no final da trilha um ser meio homem e meio bode, era um Fauno. O Fauno se apresentou a Yan e não foi preciso muito tempo até os dois se tornassem amigos. O fauno explicou sobre a fabricação de objetos canalizadores de magia e, em poucas semanas, Yan já dominara a técnica.

     

    O ferreiro utilizou essa técnica para construir uma enorme cúpula de aço para abrigar sua família e, para surpresa da sua mulher, Yan também construiu um ser eletromecânico com 7 metros de altura, dotado de movimentação e raciocínio lógico, capaz de defender seus terrenos. Dessa forma, o ferreiro pode trabalhar em paz, sabendo que sua família estava segura mesmo ele estando longe de casa.

     

    Porém, em um dos retornos para casa após a entrega de encomendas, Yan avistou o ser eletromecânico estirado no chão e, ao seu lado, duas figuras menores estavam sem vida, eram sua mulher e filha. Yan percebeu que enquanto entregara as encomendas, a guerra alcançou o seu lar. Consumido pela raiva e desespero, o ferreiro puxou sua mulher, sua filha e o ser de 7 metros para dentro da cúpula. Ele tentou reanimar seus familiares, tentou encantar seus corpos como ele havia feito com o ser eletromecânico, mas nada aconteceu. Yan então chorou, a cúpula vibrou, a terra tremeu. Três magos de peles azuis surgiram ao longe, atrás deles, erguia-se uma tropa de guerreiros, e do breu da mata fechada, surgiu um ser reluzente, que todos conheceram rapidamente como Adven-Tara.

     

    Todos esses visitantes inesperados exigiram que Yan saísse da cúpula, queriam uma explicação de que lado da guerra o ferreiro estava. Nesse momento, Yan percebeu o que havia feito, ele trouxe a guerra para dentro do seu lar. Tomado pelo ódio de si mesmo, Yan se jogou ao chão e gritou o mais alto que pode para dissipar sua raiva. A terra voltou a tremer com a vibração que a cúpula emitia, como se ela também sentisse as mesmas emoções do ferreiro.

     

    Em fração de segundos, a terra se desprendeu do chão, tudo que continha em quilômetros foi erguida em uma espécie de ilha flutuante no ar. A porção de terra apenas parou de subir quando alcançou as nuvens. Alguns homens de fora da cúpula gritavam de raiva e outros de medo. Yan vendo o que acabara de acontecer, retirou algumas peças internas do ser eletromecânico para dar espaço de encaixar seu corpo, e entrou, formando em uma espécie de armadura de aço de 7 metros. O ferreiro fechou os olhos e proferiu:

     

    - Eu te dei vida para proteger minha família, agora eu exijo que você pegue a minha vida para me proteger!

     

    A enorme amadura de aço atendeu ao pedido, e em um único salto, levantou-se do chão, trazendo dentro de si o corpo de Yan. Aquele enorme ser de aço saiu da cúpula transferindo uma enorme onda de choque para todos os lados. Muitos que estavam exigindo que Yan saísse da cúpula foram atingidos por descargas elétricas e morreram, outros tentaram fugir pulando das nuvens, mas o fim foi certo ao se colidirem com o chão muito abaixo. Por sua vez, o Adven-Tara tentou desafiar aquela armadura de aço colossal, mas, com um simples golpe, Yan viu por trás do capacete, Adven-Tara ser lançado para fora da extensão de terra flutuante. Agora já não existia mais ninguém ali perto, apenas Yan dentro da sua grande armadura de aço.

     

    Ele tentou sair da armadura, mas não conseguiu. Só depois de alguns minutos ele percebeu que seu corpo havia se fundido à armadura e agora os dois seres eram apenas uma única pessoa. Depois de algumas semanas, Yan que ainda estava abatido com a morte da sua família, resolveu construir seres mecânicos para fazer companhia a sua solidão. Porém a solidão durou pouco tempo, movidos pela visão de uma terra flutuante, inúmeros guerreiros surgiram para transformar aquelas terras em um base nos céus. 

     

    Yan, mais esperto que todos, mandou os seres mecânicos atacarem esses guerreiros e, milagrosamente, o ferreiro começara a canalizar o poder da terra, transformando-se em um Druida. Os homens foram escorraçados das terras flutuantes em fração de dias. Yan, por sua vez, decidiu transformar aquele local em uma fortaleza celestial para prevenir invasores.  A cúpula que ele construíra meses antes, agora havia se transformado em uma grande usina elétrica, chamada de Tecnópolis, onde vários servos e soldados eram multiplicados a cada dia. Yan, de um simples ferreiro, havia se transformado em um Engenheiro e feito avanços tecnológicos fantásticos com os conhecimentos adquiridos das tribos.

     

    O Engenheiro, temendo que mais guerreiros viessem em busca de vingança, conseguiu se desvincular da armadura e, se disfarçando de Druida, acabou se escondendo dentro da floresta que ainda existia na ilha flutuante. Yan decidiu deixar suas terras aos cuidados das máquinas, faunos e trolls por 100 anos.

     

    Depois de 100 anos, no meio da Grande Guerra da Lança, Arinar agora já havia se dividido em grandes ilhas. Ao nordeste de Ayvondil, a enorme fortaleza celestial se destacava na paisagem do céu. Mais uma vez, temendo que a guerra voltasse às suas terras, Yan, o homem que ninguém sabia que era o verdadeiro Engenheiro, saiu do seu esconderijo, procurou sua armadura escondida por 100 anos e voltou a usá-la.

     

    Desde então, muitos guerreiros que se aventuram a alcançar as maravilhas tecnológicas da ilha flutuante são atacados até a morte pelo exército de feras mecânicas que o Engenheiro construiu. Acredita-se até hoje que o Engenheiro vague pelas terras flutuantes de Ayvondil em busca das almas da sua mulher e filha, desejando que um dia eles voltem a se encontrar ou na vida, ou na morte.

     

    Warlorian

    BR - Tourmaline

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